segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Impressões da viagem ao Atacama e dicas

A impressão mais marcante para mim foi constatar que o Atacama não é bonito. É seco, inóspito, árido, quente e poeirento. Por que tanta gente quer ir para lá então? Porque é surpreendente, inesperado, grandioso, mágico. Cada dia é uma descoberta nova, um contraste marcante. Pode-se ir do calor causticante ao frio cortante em alguns quilômetros de viagem. Pode-se ver um vale poeirento e cheio de rochas ou um lago andino gelado e rodeado de neve. Ver ainda um salar com jeito de paisagens lunares (nunca estive na lua mas acho que parece) e Flamingos caçando sua comida na água salgada. Em cima da linha do Camino del Inca imaginar quanta história ali passou e ainda mais juntando com o Trópico de Capricórnio (meu signo), imaginar aquela linha dando volta ao mundo e passando perto de São Paulo. Os Geisers del Tatio com suas colunas de vapor e aquele frio danado (5800 m de altitude e –9 graus), que contraste, parece uma luta eterna  entre o frio e o calor que emerge das profundezas, quem vai ganhar? Quem ganha somos nós que pudemos ter o privilégio de poder estar lá e observar. E as montanhas então, este é um assunto a parte. As montanhas dominam tudo, pode-se ver o Licancabur de qualquer lugar que se esteja, não é para menos que os Incas a elegeram como sua montanha sagrada. São picos e mais picos de vulcões, a maioria extintos e alguns ativos mas sem erupções de vulto. Na região do Atacama são três cordilheiras distintas, a dos Andes, a do Sal e a Domeyko, tem montanha para todos os gostos, secas, com neve, sem neve, de todas as formas, um paraíso para os fotógrafos. Fora a criação da natureza, tem também as criações humanas, os restos da civilização Atacamenha, dos Incas, dos Espanhóis e a cidade de San Pedro de Atacama com suas ruas de comércio, bares, restaurantes, pousadas, hotéis, artesanato e agitos. Pessoas de todos os cantos do mundo parece que marcaram encontro lá, e é claro muitos brasileiros fazendo a alegria local. Muitos de moto também, vimos vários grupos e até sozinhos ou em dupla. Sem esquecer dos momentos alegres com nossos amigos Sergio e Jackson (olha o bicho) de Jaraguá do Sul, que conhecemos no Paso de Jama, foi muito divertido e inesquecível.
Mas não foi só o Atacama que curtimos. Já na saída a expectativa de como seria a viagem, que problemas teríamos, o que iríamos ver e sentir, é um sentimento muito grande e que vai diminuindo a medida em que os quilômetros se acumulam. Chegamos à bela Maringá, nosso primeiro destino, sentimos o alívio de ter cumprido a primeira etapa da viagem, de agora em diante só aumentaria a expectativa de chegar ao Atacama. Também não sabíamos como andaríamos juntos na estrada pois nunca havíamos andado juntos, foi muito fácil, nos adaptamos rapidamente. Já no dia seguinte mais um desafio, a chuva, estreamos as roupas e as motos também, já ficaram sujas a partir dai, legal para sair nas fotos, dá um ar mais radical à aventura. Não pegamos mais chuva até o nosso penúltimo dia de viagem, já na volta a São Paulo. Visitamos as Cataratas do Iguaçú, sempre um momento relaxante em todas as vezes que fui, saímos de lá leves. Dai em diante a preocupação maior era com os trâmites de imigração e aduana e saber se todos os documentos que tínhamos estavam corretos e suficientes. Tudo certo, passamos a imigração do Brasil a imigração e aduana Argentinas sem problemas, compramos pesos argentinos na casa de câmbio ao lado da aduana e seguimos para Corrientes, às margens do Rio Paraná. Toda esta primeira parte da viagem as  vezes parece entediante, a paisagem rural sempre igual e as estradas intermináveis, as vezes dava muito sono. Tudo começou a mudar depois que passamos Santiago del Estero, Rio Hondo, e chegamos a Tafi del Valle e Cafayate, muitos vales montanhas, curvas desafiadoras, vinhedos, paisagens diferentes. A estrada de Cafayate para Salta é inacreditavelmente diferente, só estando lá para saber. Cafayate, um dos mais acolhedores e belos lugares que visitamos, se fosse de novo, reservaria mais um dia em Cafayate. A parrillada de cordero em Tafi del Vale também vai ficar na lembrança (né Mauro?). Saindo de Salta para Jujuy, a Ruta 9 é inesquecível e perigosa, tivemos que dirigir com muito cuidado, curvas fechadas, precipícios, pista estreita, movimento de veículos, tudo para complicar mas o lugar e as paisagens compensam, a viagem rende muito pouco. O Sergio e o Jackson disseram que fizeram este caminho a noite, não sei como, é muito difícil. Aliás, não aconselho ninguém a viajar de noite por estas estradas, só em caso de necessidade.  Seguindo o nosso roteiro original, deveríamos ir até Humahuaca e retornar para dormir em Purmamarca mas o banho de gasolina na moto e no Mauro, em Tilcara, nos desanimou um pouco, já estávamos cansados e voltamos para Purmamarca. Lugarejo simpático, para descanso, com várias pousadas e  ponto de partida para a passagem para o Chile. Ai a expectativa voltou a crescer, tinhamos pela frente a passagem da pré-cordillheira, a imigração e aduana de novo e a passagem dos Andes. Na pre-cordilheira outro desafio, tem um “caracoles” com subidas íngremes e curvas acentuadas, é a Cuesta del Lipán. Subimos alto, 4700 m e tínhamos a preocupação de como sentiríamos a Puna (vertigem das alturas), mas nada, não sentimos muito, eu tive uma leve dor de cabeça que passou rápido. Logo ao passarmos a pré-cordilheira, a primeira visão inesquecível, os grandes salares, ainda na Argentina. Foi inacreditável ver aqueles lagos brancos no horizonte, não sabíamos bem o que era, parecia neve mas logo vimos que eram os salares. Foi um momento único, nunca poderia imaginar estar andando de moto em cima daquele lago de sal, acho que foi um dos pontos mais marcantes da viagem. Ai veio a tão esperada passagem pelos Andes, picos, neve, gelo e frio, muito frio, a longa descida para San Pedro de Atacama, não sentimos a Puna. Foi inesquecível também a canseira que tomamos na imigração e aduana chilenas en San Pedro, um agente de imigração para atender todo mundo, afff !!! Quase duas horas para fazer tudo. Compramos pesos chilenos na casa de câmbio em frente a aduana e fomos para o hotel. Fizemos as excursões que caberiam em três dias de estada, Valle de la Luna, Valle de la Muerte, Cordillera de la Sal, Laguna Chaxa, Lagunas Miscanti e Miñiques, Geisers del Tatio, Camino del Inca, vilarejos Toconao e Tulor e Pucará de Quitor. Alguns bons restaurantes e o badalado Café Adobe. Fizemos vários contatos e novos amigos, o Celso que não parava de tirar fotos com sua câmera hi tech novinha.
Cumprido nosso principal objetivo, preparar o caminho de volta, e que volta ! Saímos do deserto, passamos por Calama e cortamos um pouco o roteiro e fomos direto para Antofagasta, muito simpática às margens do Pacífico, em seguida a tradicional foto na escultura La Mano del Desierto. Todo motociclista em viagem ao Atacama tem que tirar a foto na Mano, senão não conta. Estava muito quente, não conseguimos ficar muito tempo parados, ai o deserto é brabo.  Fomos para Tal Tal, outra surpresa agradável, tinha a idéia de que seria um lugar ruim por outros relatos que havia visto, ao chegar vimos uma cidadezinha de pescadores encravada entre o mar e as montanhas, tivemos uma ótima recepção em uma pousada simples e bem acolhedora, sentimo-nos bem, fomos caminhar a tardezinha, molhar a mão no Pacífico e jantar um congrio frito que estava ótimo, antes comemos um prato de ouriços cozidos em um pequeno restaurante, muito diferente. Cada um tem experiências diferentes em cada lugar, a nossa foi ótima e não fomos molestados ou mordidos por nenhum cachorro, acho que as nossas motos e roupas já estavam tão sujas que nem os cachorros se atreveram rs rs. Próximo destino, La Serena, balneário maior já mais perto de Santiago, percebe-se que é um lugar mais frequentado, surfistas, skate, patins e toda a agitação do pessoal mais jovem. No dia seguinte mudamos um pouco o roteiro original e antes de chegarmos a Santiago, entramos em Papudo e passamos por condomínios e mansões a beira mar, em seguida o transado point Viña del Mar e a portuária Valparaiso. Finalmente Santiago, uma das minhas cidades preferidas, rodeada pelos Andes, antiga e moderna, adoro Las Condes. Marcante foi o nosso jantar com meus amigos mexicanos Eduardo, sua esposa Liliana e a lindinha filha Miroslava. O ceviche no hotel Marriot estava delicioso, o Mauro deve ter gostado, não parou de falar mais o resto da viagem rs rs.
Bem, já era tempo de iniciarmos a nossa volta realmente. Passamos novamente pelos Andes, subimos os famosos “caracoles”, passamos os túneis. Antes da imigração e aduana, entramos no mirador do Aconcágua, não acreditava que estava vendo o pico mais alto das Américas e do hemisfério sul, 6962 m de altitude, sempre foi um sonho e um dos marcos da nossa viagem, sentimos também muito frio e falta de ar. Passamos a imigração e aduanas chilenas e argentinas que são integradas e num lugar só, do lado da Argentina. Paramos, almoçamos e visitamos El Puente del Inca e começamos a fazer a longa descida dos Andes. Rumamos para a bela e arborizada Mendoza com suas praças e com seus vinhedos e olivais centenários. Não é só fabricar vinhos e azeite de oliva, tem toda uma tradição, um verdadeiro modo de vida que influenciou toda a região. Tiramos um dia a mais em Mendoza para visitar vinícolas e fábrica de azeite, valeu a pena. Parece mesmo que eles sabem como fazer vinhos e azeite, agora quando apreciar um vinho de Mendoza ou Cafayate vou sentir de modo diferente. Córdoba a seguir, cidade industrial e pouco turística, muita agitação, confusão e dificuldade para achar o hotel. Pode ter seus atrativos mas não ficamos tempo suficiente para descobri-los, a nossa etapa seguinte era bem puxada, 800 km até Paso de los Libres e Uruguaiana. Por este caminho passamos por Altas Cumbres, duas subidas e descidas de Cordilheira desafiadoras e belas. Tivemos o primeiro e único problema com as barreiras policiais na Argentina, felizmente pude arrumar o mal contato da minha luz de freio e fomos liberados. Já ao inicio da noite chegamos cansados à aduana, tivemos que viajar pouco mais de uma hora a noite. Tudo sem problemas novamente, tivemos que ficar perguntando o que fazer pois não explicam muito bem, sempre impera o tom autoritário nestes lugares, o mais incrível é que nos trâmites brasileiros tudo foi tranquilo e bem atendido. Passamos para Uruguaiana e finalmente estávamos no Brasil. No hotel o jantar com comida caseira já nos fez sentir bem, bife acebolado, saladinha, arroz a grega, foi bom, sentirmo-nos em casa. Aqui aproveitei um posto de gasolina que tinha um box especializado para troca de óleo de motos e troquei o óleo da minha moto, muito bem atendido, tinham todo ferramental, filtros e óleo adequado. Já havíamos passado a maior parte da nossa viagem, sem problemas aduaneiros, policiais, mecânicos, de moedas ou de hospedagem. Um pouco de problemas com o abastecimento de gasolina na Argentina, o que acrescentou um pouco de adrenalina em alguns trechos mais longos, conseguimos sempre chegar ao próximo posto, as vezes só com o cheiro da gasolina no tanque.
Agora era a vez de fazermos as etapas finais passando por Passo Fundo, outro dos meus objetivos da viagem, conhecer a terra do meu querido cunhado Martello, ele deve ter gostado, aonde quer que esteja. Eu gostei também, gente bonita, terra boa, cidade alegre, poderia se chamar Passo Alegre, fiquei realizado por ter feito nosso roteiro passar por lá, deu vontade de ficar mais. Subindo para Erechim e Concórdia, já em Santa Catarina, muito movimento na estrada em direção à Curitiba. Muito bonita também esta estrada que corta as serras gaúchas e catarinenses, valeria mais tempo por lá. Curitiba já não me pareceu aquele modelo de cidade que costumamos ver em reportagens, eu a conheci muitos, muitos anos atrás. Trânsito comum a todas as grandes cidades, chegamos na hora do rush. Não sei como vão ser estas grandes cidades daqui a mais alguns anos, intransitáveis, serão precisas medidas extremas para poder se viver nestes lugares, inevitável. Já na última perna da viagem, viemos a São Paulo pela BR 116, toda duplicada, foi um passeio, com excessão da inexplicável e "induplicável" Serra do Cafezal, desde quando eu era criança ouço falar nesta duplicação, nem com a cobrança de pedágio, inclusive para motos, conseguiram duplicar, se fosse no Japão…
Já em casa a recepção da família, inesquecível, parece que todo o cansaço acumulado resolveu se manifestar naquele momento. Já pude relaxar e curtir meus filhos. Sonho realizado, missão cumprida. Agora é pensar na próxima aventura e voltar à realidade…

Algumas coisas de que me lembro e que podem ajudar:

Faça um roteiro e programação de viagem, planeje e prepare-se, tente manter sua programação, se mudar refaça o seu planejamento. Tem que ter objetivos definidos senão fica difícil enfrentar a rotina do dia a dia. As vezes é preciso determinação, objetivo e vontade para enfrentar um novo dia de estrada. Anote todas as informações que encontrar, postos de combustível, hotéis, restaurantes, atrações e passeios. Imprima e leve na viagem.

Por falar em rotina diária, tem horas que enche o s… de tirar tudo da moto, recarregar celular, recarregar filmadoras, recarregar intercomunicador e no dia seguinte refazer as malas, colocar tudo na moto de novo, ligar GPS, ligar intercomunicador, lubrificar corrente, verificar óleo, verificar pneus, ufa !!! Acho que o que mais me incomodou foi isto. É uma tralha danada para carregar. Se puder ter um top case e um jogo de malas laterais, todas com a bagagem interna removível, melhor, fica prático e rápido para desmontar e montar.

Uma das melhores coisas que levamos foi a almofada de ar Airhawk, muito boa, poupou os nossos traseiros e aliviou o cansaço da viagem.

Não sei como é fazer esta viagem no verão ou no inverno, acho que fomos no tempo ideal mas sentimos frio e calor. Acho que no inverno é impraticável, as passagens pelos Andes fecham constantemente por causa da neve. No verão acho que dá para aguentar com muita água e uma cervejinha só ao final do dia (beba com moderação), lembrando, a tolerância de álcool para conduzir moto na Argentina é zero.

Sempre procurar sair com o tanque cheio e saber onde estão as próximas paradas para abastecimento, procure, informe-se sempre. Passamos alguns sufocos na Argentina. O governo diz que não existe crise de abastecimento mas existe. Em Salta, que é uma das maiores cidades da Argentina, não havia combustível. A infraestrutura e atendimento nos postos da Argentina, pelo menos nas regiões onde passamos, é horrível, as damas não vão conseguir usar a maioria dos banheiros, por prevenção, tenha sempre um papel higiênico e um sabonetinho. Não existe nada como Frango Assado, Lago Azul ou Graal, nem pensar.

Tenha sempre dinheiro local à mão, os pedágios no Chile e no sul do Brasil são cobrados para as motos. Nos postos as vezes não aceitam pagamento com cartões. Nos pedágios isentos na Argentina, a passagem as vezes não é bem sinalizada, as vezes pela direita, algumas vezes passamos pela esquerda na contra-mão e uma vez passamos por trás do prédio do pedágio !?

Lembrar também que os parques no Chile cobram entrada, em geral  $2500 pesos por pessoa, é preciso ter dinheiro à mão senão não se consegue entrar e perde-se o passeio.

Em Tafi del Vale, o cajero não funcionava e não consegui sacar pesos, tive que fazer câmbio no banco e demorou demais, perdemos um tempão, aliás, os bancos na Argentina estão sempre lotados, iguais aos postos de gasolina. Consegui sacar pesos no caixa eletrônico do banco de San Pedro de Atacama e também no caixa eletrônico em um banco de Córdoba, não fizemos mais câmbio para comprar pesos e já no final da viagem fomos gastando o que tínhamos em pesos, tanto no Chile como na Argentina e ficamos com poucos pesos. Melhor gastar, cada vez que se faz câmbio perde-se com as cotações desfavoráveis. Reais são mais fáceis de negociar e trocar nas fronteiras com o Brasil, em lugares mais distantes as cotações são ruins e as vezes nem trocam Reais, dólares sempre resolvem a situação.

A sinalização nas estradas argentinas é péssima, principalmente nas rotondas (rotatórias) e nos empalmes (interseções), não há indicação clara sobre direções e quilometragem, na dúvida procure se informar sempre, de preferência antes e com policiais que sempre nos atenderam de forma cordial. Leve sempre mapa em papel, GPS também ajuda mas os mapas das cidades argentinas e chilenas não são completos, usei os do Mapear.

A receptividade por onde passamos sempre foi boa e cordial no Brasil, na Argentina e no Chile, sendo estes últimos um pouco mais contidos nas suas manifestações.

Depois de um dia estafante na estrada, acredito que você tenha que ter sempre um bom ponto de apoio e descanso em um hotel que ofereça o mínimo de infraestrutura, wifi e estacionamento para as motos. Não precisam ser os mais caros, sempre há opções acessíveis. O problema é que nem sempre há disponibilidade. Já pensou viajar o dia inteiro e ainda chegar e ter que procurar hotel? Nem pensar. Fizemos todas as reservas antecipadamente, a maioria por internet e quando não pelos sites de reserva, pesquisava pela internet e ligava diretamente para os hotéis, nem todos estão nos sites de reservas (booking.com e decolar.com). Fiz a primeira parte das reservas até San Pedro de Atacama e depois fui fazendo o restante durante a viagem caso tivéssemos que mudar o roteiro ou as datas. Deu tudo certo, não ficamos sem hotel uma só vez.

Hotéis que utilizamos:

Maringá – Hotel Thomasi – novo, excelente, reserva-booking.com;
Foz do Iguaçú – Hotel Luz –antigo,  razoável, reserva-decolar.com;
Corrientes – La Rozada Suites – bom, no  restaurante faltavam muitos pratos, reserva-booking.com;
Termas de Rio Hondo – Hotel Habana - razoável, bem popular, não aceita cartão, reserva-booking.com, o proprietário Carlos também viaja de moto, trocamos muitas ideias;
Cafayate – Villa Vicuña Wine & Boutique Hotel, uma graça, muito caprichado, decoração esmerada, se puder fique, reserva-booking.com;
Purmamarca – Marques de Tojo, muito bom, tem várias outras pousadas ao redor, reserva-booking.com, o gerente Carlos anda muito de moto pela região, nos deu muitas dicas;
San Pedro de Atacama – Hotel Tulor – bom serviço, boas acomodações, reserva-booking.com;
Tal Tal – Hotel Mi Tampi – simples mas acolhedor, boa ducha, reserva-liguei;
La Serena – Hotel Club La Serena, razoável a bom, precisa reforma, bom restaurante, reserva-booking.com;
Santiago – Time Suites – bom atendimento, boas acomodações, reserva-liguei;
Mendoza – Condor Suites – bom atendimento, boas instalações, reserva-booking.com;
Córdoba – Howard Johnson Cañada, razoável a bom, estacionamento a parte e pago, restaurante caro para o que serve, reserva-booking.com;
Uruguaiana – Mainard Hotel, bem simples, tem uma boa comidinha caseira no restaurante, reserva-liguei;
Curitiba – Harbor Hotel Batel – excelente atendimento, boas instalações, reserva-liguei.


Em todos hotéis havia sempre garagem ou lugar para guardar as motos, com exceção de Córdoba.

Os celulares funcionaram bem na maioria dos lugares, sem muitos problemas.

Se tiver toda a documentação, as imigrações e aduanas são tranquilas, não procure demonstrar insatisfação ou reclamar, não crie caso, faça tudo com resignação e paciência e tudo dará certo. Não esqueça de tirar a carta verde (imprescindível) e se possível a carta internacional para dirigir. Nas duas únicas vezes que nos pediram nas barreiras, mostramos a carta internacional e já ficaram satisfeitos.

Para o seguro Carta Verde, utilizei minha corretora já tradicional de alguns anos, a MBS Seguros (www.mbsseguros.com.br, fone 11 3321-5583) que resolveu prontamente, fiz tudo por internet. Pode-se fazer o seguro Carta Verde mesmo para as motos que não estejam seguradas. Por via das dúvidas, fiz também um seguro de assistência em viagens Assist-Card Multitrip 30.

Custo? Não pensei muito ainda, só sei que o custo para equipar a moto com acessórios, bagagens, pneus e  também as roupas foi razoável, prepare-se. O custo da viagem em si vai depender das opções de hotel e restaurantes que fizerem. Procuramos não comer muito durante o almoço e fazer um bom café da manhã e uma refeição no jantar. A gasolina na Argentina e no Chile é mais barata e muito melhor que no Brasil, usando a premium, senti uma melhora no consumo de cerca de 25%. Os hotéis em San Pedro de Atacama são bem definidos, ou seja, caros, muito caros e os baratos que são do tipo albergue ou para mochileiros. Evidentemente não visitei nenhum outro que não fosse o que nos hospedou mas vi pessoas reclamando da estrutura, comida e atendimento dos hotéis mais baratos. Algumas pessoas aproveitavam o café da manhã geralmente servido nas excursões.

Muito cuidado com o trânsito principalmente nas estradas argentinas. Os motoristas viram à esquerda na frente de qualquer veículo, não esperam no acostamento, seja prevenido desconfie sempre. Caminhões cruzam a estrada sem preocupação com outros veículos, somente se detém se vier outro caminhão. Em uma estrada de meia pista que pegamos, cada veículo saia para o acostamento quando se deparava com outro, menos os caminhões que nos jogaram para fora da estrada umas três vezes, não estão nem ai. Vimos vários capotamentos nas estradas argentinas. Faixa dupla ninguém respeita, não serve para nada. Motociclistas não usam capacete, vimos até quatro pessoas, mãe e três crianças em uma moto, todas sem capacete. Não tire o seu capacete, ande sempre protegido também com luvas e botas. No Chile, sinal de Pare é Pare mesmo, principalmente nas ferrovias, não passe sem parar, terá problemas com os guardas. Aliás, não passe faróis ou faixas de pedestres, lembre-se sempre que você é um estrangeiro e para criarem caso os policiais não precisam de muitos motivos.

As motos se comportaram muito bem, tivemos poucos problemas: o cavalete central da minha, que perdeu um dos parafusos de fixação, o eixo da dobradiça do top case que caiu, e o nível de óleo do motor da moto do Mauro que “baixou” um pouquinho. Já no final, a lâmpada do farol baixo da moto do Mauro que queimou. Dos pneus, nenhum problema, nenhum furo ou pneu vazio, tivemos que ajustar as calibragens devido às mudanças de altitude. Os pneus Tourance (normais) da Metzeller são ótimos, gostei bastante, enfrentamos asfalto, buracos,  terra, pedras e lama sem dificuldade. Os para-brisas ficaram riscados, graças ao atendimento “atencioso” nos postos da Argentina e do Chile, fazer o que? Agora as motos vão para a revisão e uma boa lavagem, acho que uma só não será suficiente.

As roupas também foram muito boas, passamos dias de calor, chuva e frio e se adaptaram bem, não ficamos molhados por dentro. Também vão precisar de umas boas lavadas. Minha esposa “adorou” ver o estado da roupa, tinha bicho, asfalto, terra, poeira, lama, gordura e mais algumas coisas não identificadas rs rs. Tem que ter luvas boas para frio, de preferência com Goretex e luvas de couro para  o calor. Usei também uma segunda pele nas mãos quando o frio era mais intenso. Não cheguei a usar a camiseta e calça de segunda pele e nem as camadas internas de aquecimento da roupa, somente usei a jaqueta de água algumas vezes.

Muitos dos outros acessórios que levei, acabei não usando, ainda bem, a maioria das ferramentas, lanterna, compressor de ar para pneus, câmaras, tanque de combustível reserva, reparador de pneus, trava de segurança e alguns dos carregadores extras com conexão para acendedor de cigarros. O SPOT funcionou muito bem, deu certa segurança às nossas famílias poderem acompanhar o nosso trajeto on line. Foi melhor ter levado e não ter usado do que precisar usar e não ter. Dos remédios, ataduras, e outras medicinas, não usamos nada, somente um tandrilax quando estava cansado e com dor no punho. Precisei comprar um spray desodorizante para a bota pois a situação estava braba depois de vários dias de uso contínuo sem limpar e arejar direito. Tomamos os remédios diários de pressão, não esquecer de levar se tiver que tomar remédios diários.

Também passamos bem de saúde e disposição, a minha preparação na academia e as caminhadas diárias do Mauro serviram para alguma coisa afinal. Sentimos cansaço é claro, sentimos a falta de ar nas altitudes maiores mas nada que nos impedisse de fazer algo ou de continuar viagem.

Procurar não levar muita roupa, lave o que puder no hotel, roupas de baixo, meias e camisetas. Sapatos e tênis ocupam muito lugar, aliás, seu tênis nunca vai voltar a ser da mesma cor depois de andar no Atacama.

Bons companheiros para a viagem ajudam bastante a enfrentar as dificuldades e compartilhar as alegrias. Acho que eu e o Mauro nos demos muito bem. Acredito que um grupo maior, com mais de quatro pessoas, seja difícil de coordenar e alinhar todos os interesses e o ritmo de viagem.

Novas informações sobre o roteiro:

Informações de Abril/2015 - com a situação econômica da Argentina, poucos estabelecimentos estão aceitando pagamentos com cartões, principalmente nos postos de gasolina. Previna-se, leve dólares e troque por suficientes pesos para sua viagem.

Em Corrientes, antes de atravessar a ponte General Belgrano sobre o Rio Paraná, na avenida Pedro Ferre de acesso à ponte, as motos não podem trafegar na pista central, os guardas param as motos (só de brasileiros) e achacam na cara dura. Para evitar este evento desagradável, vá pela pista lateral. Veja no link como proceder:
http://viagemdemoto.com/dicas-para-viagens/2868-extorsao-de-policiais-corruptos-na-argentina

Em Corrientes também os guardas estão implicando com os GPSs nas motos, antes de passar por lá lembre-se de retirar o GPS para não ter que "contribuir" para a caixinha dos guardas, vergonha, corrupção descarada e institucionalizada.

Agora a aduana e imigração chilenas não estão mais em San Pedro de Atacama e sim junto com a Imigração e Aduana Argentina no Paso de Jama.

Pode-se fazer o seguro SOAPEX para o Chile, pela Internet, confira:
https://www.hdi.cl/venta/Index.aspx

Existe uma pousada com restaurante e posto de gasolina 3 km depois de Susques, em direção ao Paso de Jama. Não será mais necessário fazer o abastecimento em Tilcara antes de seguir para o Paso de Jama, procure verificar antes se há gasolina nos postos.

Finalmente!!! A Serra do Cafezal na BR116 está duplicada e entregue. Já passei por lá na ida e na volta, melhorou bastante o tempo de viagem e a segurança.

Publicações:

Acho muito útil o Guia América do Sul - O viajante - sétima edição - de Zizo Asnis. Muito completo e boas informações sobre cultura, atrações e mesmo política local.

Outra boa fonte de informações na Argentina é o Guia YPF (www.ypf.com/guia) com informações bem detalhadas de mapas e pontos de interesse permitindo ainda a construção de roteiros.

Vejam também um bom artigo sobre passeios no Atacama no Blog Amanda Viaja:

http://viagem.estadao.com.br/blogs/amanda-viaja/deserto-do-atacama-os-dez-passeios-imperdiveis/

Existem dois observatórios astronômicos no Atacama, o ALMA que é um observatório que tem 66 antenas que emitem ondas para inspecionar o Universo e o outro é o SEO que é um observatório com 4 telescópios VLT (Very Large Telescopes) ópticos, para visualizar o Universo.

Se você quiser visitar o Observatório ALMA, a cerca de 50 Km de San Pedro de Atacama, veja as instruções para visitantes no link abaixo, as visitas são somente aos Sábados e Domingos:

http://almaobservatory.org/en/about-alma/alma-public-visit

O Observatório ESO fica um apouco mais longe de San Pedro de Atacama, no Cerro Paranal, na B-70 entre Antofagasta e Tal Tal. As visitas são somente aos Sábados:

http://www.eso.org/public/about-eso/visitors/

Se for lembrando algo mais que possa ajudar, vou complementando a postagem, espero ter contribuído e ajudado aos futuros viajantes-aventureiros programarem suas viagens com segurança. Quem tiver alguma dúvida ou quiser algum esclarecimento pode me enviar um email (wlamir.panko@gmail.com).

4 comentários:

  1. Wlamir,
    Que baita sorte a minha de encontrar o teu blog. Estou planejando ir ao deserto do Atacama em janeiro de 2013 e o seu detalhadíssimo relato é uma preciosidade para facilitar o planejamento de qualquer viajante.
    O Blog está excelente e é tanta informação boa que vou ler cada linha com calma para absorver tudo. Muito legal ter incluído os vídeos! As planilhas também são excelentes referências e quem publica um material assim tão detalhado merece parabéns pela generosidade em compartilhar informações interessantes e importantes.
    Meu plano é viajar com minha esposa (já avisei a ela que alguns banheiros não são lá essas coisas  ) e pretendo conseguir pelo menos mais um companheiro de viagem – vamos ver.
    Mais uma vez muito obrigado por compartilhar esse belo material!
    Super abraço,
    Guilherme - guilhermepiti.blogspot.com.br

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    1. Guilherme,
      grato pelos elogios, o seu blog também está muito bom, quisera ter visto antes de ir para a Serra do Rio do Rastro. Se precisarem de qualquer coisa é só avisar. Abraços, WP.

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  2. Wlamir, meu rei, tudo certo? Cara, valeu muito pelo seu relato, me ajudou muito a realizar meu sonho! Ainda estou editando meu blog: www;atacamademoto.com.br Obrigado e Abraços!

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  3. Li teu blog inteiro no inicio do ano...notei atualizações...obrigado pelo excelente serviço prestado aos viajantes de primeira empreitada...vamos em agosto de 2015...preparamos passar muito frio...rs

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